Lília Momplé actual detentora do Prémio Literário José Craveirinha-2011 |
Lília Momplé que inicia a sua carreira oficializando-se como contadora de “histórias
que ilustram a histórias” com a publicação da reconhecida obra “Ninguém Matou
Suhura” aos 53 anos de idade (1988), uma edição feita pela própria autora cujas
reedições já chegam a cinco.
Desde aos seus primeiros passos, ao estilo característico de bons
escritores, Lília soube definir as linhas que norteariam a sua escrita, o que
ainda hoje, a tornam num exemplo quando se fala de fidelidade aos conflitos
sociais e internos entre a cidadã que há na alma de escritora que ela tem.
Predefiniu-se como contadora de histórias verdadeiras, sem inventar os factos,
afinal, o país vivia (e ainda vive) acontecimentos que segundo a autora não
carecem de dramatização. Assim surge o “Ninguém Matou Suhura” que nos
referimos.
“Escrevi porque tinha uma carga muito grande sobre o colonialismo em Moçambique.
Eu tinha raiva do colonialismo. Muita raiva. Tinha a raiva da injustiça. Eu
nunca me conformava por tudo que via: massacres sofrimento, opressão, isso
incomodava-me.” Conta a autora.
Aliás, desse livro, faz parte o conto “Caniço” vencedor do prémio 10 de
Novembro de 1987 a quando dos 100 anos da cidade de Maputo, facto que enche de
orgulho a Lília Momplé, fazendo questão de recordar o acto mesmo por que foi no
mesmo local, Paços do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, que recebeu o
Prémio Craveirinha. Só que desta vez foi para celebrar a sua carreira literária
de mais de 25 anos, motivo ainda maior para celebrar.
“É muito emocionante para mim, voltar a este paços do conselhos municipal,
25 anos depois para receber mais um prémio e como se não bastasse, o maior do
país. Fico contente por receber o prémio monetariamente porque um escritor
nunca é rico, os editores são ricos, mas os escritores raramente são ricos.”
Disse Lília Momplé, logo depois de receber o prémio.
O Prémio José Craveirinha passou desde, 2010 a premiar o escritor pela sua
carreira, pelo que, passou dos 5 dólares americanos que ostentava para os
actuais 25 mil financiados pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), cabendo a
Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) a nomeação do vencedor.
Lília Momplé foi premiada não só pelo livro “Ninguém Matou Suhura” que se
destaca dos livros que publicou, mas também por outros livros seus,
nomeadamente, “Neighbours” (1995) e “Os Olhos da Cobra Verde” (1997), e por
outras tarefas artístico-culturais em que se empenhou ao longo da sua vida. Eis
o resumo do seu curriculum.
Lília Maria Clara Carriére Momplé, nascida a 19 de Março de 1935 na Ilha de
Moçambique, província de Nampula, a norte de Moçambique, é Assistente Social de
profissão, com licenciatura em Serviços Sociais.
Foi professora de Inglês e Língua Portuguesa na Escola Secundária de Ilha
de Moçambique e directora da mesma escola entre 1970 e 1981.
Trabalhou como assistente social em Lisboa, Lourenço Marques (actual cidade
de Maputo) e em São Paulo, Brasil, em 1960 a 1970.
Em outras missões, Lília Momplé foi, de 1992 a 1998, directora do Fundo
para o Desenvolvimento Artístico e Cultural (FUNDAC) e de 2001 a 2005, membro
do Conselho Executivo da UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura.
No seu percurso literário, dirigiu a Associação dos Escritores Moçambicanos
(AEMO) de 1991 a 2001, como secretária geral, de seguida ficou presidente da
Mesa da Assembleia-geral da mesma agremiação.
Ainda na arte, a escritora publicou o «Muhipiti-Alima» um vídeo de drama,
editado pela PROMARTE em 1997.
As obras da Lília Momplé, já foram editadas em Inglês, Italiano, Francês e
Alemão.
Neste momento, a escritora faz parte do «Internacional Who´s Who of
Authores and Writeres» e desde 1997 é membro de «Honorary Fellow in Literature»
da universidade IOWA dos Estados Unidos da América (EUA).
O júri da presente edição do Prémio José Craveirinha foi presidido pelo
escritor e professor de História, Ungulani Ba Ka Khosa, integrava ainda o
escritor e docente de Literatura Moçambicana, Lucílio Manjate, escritor Aurélio
Furdela e o conhecido crítico Jorge de Oliveira que foi coordenador da Gazeta
de Artes e Letras da revista Tempo e actual secretário-geral da AEMO.
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