Maputo será a
capital da literatura com a realização de mais uma edição da Semana Literária
de Maputo de 26 a 30 de Novembro.
O evento é
organizado pela Literatas – Revista de Literatura Moçambicana e Lusófona do Movimento
Literário Kuphaluxa, e neste ano ostenta o lema “As falas da Escrita”.
Constitui a
grande novidade da II Semana Literária de Maputo o facto de o mesmo contar no
presente ano, com a participação de Angola e Brasil para além de contemplar
escritores moçambicanos a residirem noutras capitais provinciais.
Ainda é
inovação desta edição a discussão de dois assuntos propositadamente escolhidos
de forma a dar voz à cultura sobre a dinâmica dos dois organismos onde
coincidentemente Angola e Moçambique fazem parte, a CPLP e SADC, ambas
organizações com Moçambique na actual presidência e tendo escolhido como o foco
os chamados “corredores de desenvolvimento”.
Sendo assim,
a cultura que é o que eleva o significado da Lusofonia, outra questão
pertinente na conjuntura actual, poderão não ser elementos que chamam atenção
às lideranças. Contudo, há que se dar uma voz aos escritores desses países e
entender-se o cenário que se vive, as políticas colectivas, de integridade e o
próprio diálogo intercultural a que nos leva a nossa diversidade.
O Brasil, nesse
contexto, tem uma experiência a partilhar com a extensão do chamado
“afro-brasileirismo” que tem se demonstrado mais poderoso na interacção entre
este país e o continente africano, particularmente com os países africanos de
língua portuguesa. Ainda o Brasil consegue interagir com as literaturas dos
outros países da América Latina, facto que já não acontece entre os países da
CPLP onde, por (outra) coincidência, Moçambique e Angola estão juntos como
únicos que falam a mesma língua.
Por outro
lado, olhando para cada país, existem as chamadas “ilhas” que se pressupõe serem
as províncias no abandono ou isolamento em detrimento das potencialidades que
as capitais dos países apresentam.
A II Semana
Literária de Maputo será portanto, esse campo de debate de ideias, com a
inclusão dos escritores sem olhar para as ilhas, mas buscando destes a
sensibilidade sobre o que se faz nos lugares onde se encontram na área de
literatura e quem é o escritor onde quer que esteja.
Portanto, os
espaços e os meios onde o escritor e o livro se encontram são o fundamento
principal para o encontro de Maputo neste evento que de forma assustadora
decidimos chamar de Semana Literária, cinco a sete dias de total ocupação pela
actividade de escrita e reflexão. Em Moçambique não há evento igual, mas ainda
é cedo para chama-lo de especial e exclusivo, afinal, não é por falta de
vontade que o mesmo não acontece. Falta loucura igual em muitos, falta a utopia
e o desejo obcecado de andar pelo centro e não pelas laterais. Nós os Literatas e Movimento Literário
Kuphaluxa que somos exclusivamente activistas literários e, por concessão,
escritores, removemos a pedra pesada que camufla o espírito fugaz do escriba
para levar ao cidadão as vozes daqueles que nos proporcionam momentos de prazer
com conhecimento e vidas que são os escritores.
Mas há o
Governo, aquele que se responsabiliza pelas políticas. Aliás Moçambique está no
processo de renovação da sua política de livro, analisando, igualmente, as estratégias
da sua implementação. Assim sendo, mais do que discutir políticas vamos discutir,
na II Semana Literária de Maputo, um dos pontos mais essenciais que é o livro
infantil em Moçambique, uma vez que, é de pequeno que se devem iniciar os
gostos. Será que a política do livro terá se feito pensando na educação
literária das crianças?
Em fim, uma
semana podia ser muito para se discutir o livro e os seus meios de circulação,
mas uma semana, para discutir a literatura e os seus intervenientes, poderá ser
pouco porque literatura é vida, é eternidade e a infinitude.
O Curador
Eduardo Quive
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