terça-feira, 30 de outubro de 2012

II SEMANA LITERÁRIA DE MAPUTO: Como é que a língua fala?




Maputo será a capital da literatura com a realização de mais uma edição da Semana Literária de Maputo de 26 a 30 de Novembro.
O evento é organizado pela Literatas – Revista de Literatura Moçambicana e Lusófona do Movimento Literário Kuphaluxa, e neste ano ostenta o lema “As falas da Escrita”.
Constitui a grande novidade da II Semana Literária de Maputo o facto de o mesmo contar no presente ano, com a participação de Angola e Brasil para além de contemplar escritores moçambicanos a residirem noutras capitais provinciais.
Ainda é inovação desta edição a discussão de dois assuntos propositadamente escolhidos de forma a dar voz à cultura sobre a dinâmica dos dois organismos onde coincidentemente Angola e Moçambique fazem parte, a CPLP e SADC, ambas organizações com Moçambique na actual presidência e tendo escolhido como o foco os chamados “corredores de desenvolvimento”.
Sendo assim, a cultura que é o que eleva o significado da Lusofonia, outra questão pertinente na conjuntura actual, poderão não ser elementos que chamam atenção às lideranças. Contudo, há que se dar uma voz aos escritores desses países e entender-se o cenário que se vive, as políticas colectivas, de integridade e o próprio diálogo intercultural a que nos leva a nossa diversidade.
O Brasil, nesse contexto, tem uma experiência a partilhar com a extensão do chamado “afro-brasileirismo” que tem se demonstrado mais poderoso na interacção entre este país e o continente africano, particularmente com os países africanos de língua portuguesa. Ainda o Brasil consegue interagir com as literaturas dos outros países da América Latina, facto que já não acontece entre os países da CPLP onde, por (outra) coincidência, Moçambique e Angola estão juntos como únicos que falam a mesma língua.
Por outro lado, olhando para cada país, existem as chamadas “ilhas” que se pressupõe serem as províncias no abandono ou isolamento em detrimento das potencialidades que as capitais dos países apresentam.
A II Semana Literária de Maputo será portanto, esse campo de debate de ideias, com a inclusão dos escritores sem olhar para as ilhas, mas buscando destes a sensibilidade sobre o que se faz nos lugares onde se encontram na área de literatura e quem é o escritor onde quer que esteja.
Portanto, os espaços e os meios onde o escritor e o livro se encontram são o fundamento principal para o encontro de Maputo neste evento que de forma assustadora decidimos chamar de Semana Literária, cinco a sete dias de total ocupação pela actividade de escrita e reflexão. Em Moçambique não há evento igual, mas ainda é cedo para chama-lo de especial e exclusivo, afinal, não é por falta de vontade que o mesmo não acontece. Falta loucura igual em muitos, falta a utopia e o desejo obcecado de andar pelo centro e não pelas laterais. Nós os Literatas e Movimento Literário Kuphaluxa que somos exclusivamente activistas literários e, por concessão, escritores, removemos a pedra pesada que camufla o espírito fugaz do escriba para levar ao cidadão as vozes daqueles que nos proporcionam momentos de prazer com conhecimento e vidas que são os escritores.
Mas há o Governo, aquele que se responsabiliza pelas políticas. Aliás Moçambique está no processo de renovação da sua política de livro, analisando, igualmente, as estratégias da sua implementação. Assim sendo, mais do que discutir políticas vamos discutir, na II Semana Literária de Maputo, um dos pontos mais essenciais que é o livro infantil em Moçambique, uma vez que, é de pequeno que se devem iniciar os gostos. Será que a política do livro terá se feito pensando na educação literária das crianças?
Em fim, uma semana podia ser muito para se discutir o livro e os seus meios de circulação, mas uma semana, para discutir a literatura e os seus intervenientes, poderá ser pouco porque literatura é vida, é eternidade e a infinitude.


O Curador
Eduardo Quive

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